domingo, 28 de novembro de 2010

Poeta Cobarde

(poema de 2008, encontrado num canto escuro do disco rígido)

Por alegórica luz do nascente,
Perde-se um coração por um olhar,
Que leva perdida, mas não inocente,
A coragem que torna demente
Aquele que escreve como que a mendigar...

Aquele que escreve para fugir,
E para se esconder na desculpa,
Mas que sempre, sem mentir,
Escreve o que tem vindo a repetir
Como fingimento de mensagem oculta.

E repete-a de olhos fechados
Para uma verdade envolta em vergonha.
Repete-a para os mais iluminados,
Pois insultos e maus olhados
Imagina na mente de com quem sonha.

Se ao menos fosse certeza
A ideia do que realmente se sente,
Com mais ou menos delicadeza,
Causar-se-ia (ou não)tristeza
Numa resposta minimamente coerente.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A Chuva Fez-me Voltar

Hoje choveu...
Choveu neste mundo e no meu,
Choveu sangue de Deus,
Translúcido, como a mágoa de filhos seus

Hoje doeu...

Doeu-lhes o saco oco
E gritaram para o mundo mouco...
E depois, pouco a pouco,
Desistiram...Deus estava louco

(LIBERDADE!
Não há crença que me prenda o grito!
Sem Deus, todo eu sou infinito!
E posso voar porque esse chão se sumiu...
Mas no final, nada disto é bonito...
No final, vivemos todos para o vazio)

Hoje voltei a mim...

O que esse vazio me diz
É que voltei para me encontrar.
Sei que não o fiz porque quis...
Porque eu até era feliz,
Mas voltei porque me fizeram voltar