domingo, 28 de novembro de 2010

Poeta Cobarde

(poema de 2008, encontrado num canto escuro do disco rígido)

Por alegórica luz do nascente,
Perde-se um coração por um olhar,
Que leva perdida, mas não inocente,
A coragem que torna demente
Aquele que escreve como que a mendigar...

Aquele que escreve para fugir,
E para se esconder na desculpa,
Mas que sempre, sem mentir,
Escreve o que tem vindo a repetir
Como fingimento de mensagem oculta.

E repete-a de olhos fechados
Para uma verdade envolta em vergonha.
Repete-a para os mais iluminados,
Pois insultos e maus olhados
Imagina na mente de com quem sonha.

Se ao menos fosse certeza
A ideia do que realmente se sente,
Com mais ou menos delicadeza,
Causar-se-ia (ou não)tristeza
Numa resposta minimamente coerente.

Um comentário:

SusanaPacheco disse...

Engraçado como há uma frase que uso como mote no meu blogue que sintetiza este pensamento comum sobre o poeta:
"O poeta é uma mentira que diz sempre a verdade" Jean Cocteau.

«Aquele que escreve para fugir,
E para se esconder na desculpa,
Mas que sempre, sem mentir,
Escreve o que tem vindo a repetir
Como fingimento de mensagem oculta».

Parece que a tinhas lido, de facto..:)
Que bela descrição, não podia estar mais de acordo... Adorei!