sexta-feira, 9 de abril de 2010

"Passámos A Ter Rijos Íleos Com Isto Assim"

Sopro, vulto
Sombra, névoa
Leve tom de luto
Vindo de Évora

Deste luz
Num tom baço
Deste-me incompleto
O teu regaço

(Dá-me a tua alma
Parte do que és
Eu dou-te aquele espelho
Do que não vês

E se escrever no sonho
Dou a minha vida aquém
Da vida em que me fizeste
Ser alguém)

Grita o beijo
Num suspiro
Coloco-te a alma nua
E a alma retiro

E os porquês
Do não dois
No final não existem
Existem depois

(Dei-te a minha alma
Parte do que sou
Enquanto me quebraste o espelho
E o tempo parou

Eu morri no sonho
Dei-te a minha vida aquém
Da vida que sonhei que seria
Mas na vida vivida tu vives mas não és ninguém)

Perdi-me com o teu olhar (morri)

Perdi-me com o teu olhar

Morri...

Morri para o mundo num grito

No ressonar do brilho da paixão dos teus olhos

Morri por dentro num sorriso efémero

Eterno das palavras dum beijo

Morri para o vazio da vida e para o negro do mundo

Morri da morte do meu passado

Vivi!


Os meus olhos fecharam-se para as trevas do redondo finito

E os teus lábios sugaram-me a alma para o paraíso do teu ser

Dispensei-me das pernas, dos braços e das asas

Despi-me da minha mente, do meu mundo e do meu viver

A minha alma era tua

A minha alma era a tua.


(O amor é tão bonito...

É sorrir para o nada

E é tudo o que o nada não tem

É ser feliz)




Tropecei...


A vida empurou-me para um abismo de raiva

Quando pensei conseguir erger-me para o perdão

Foi o rancor quem me estendeu a mão

E enterrou-me no vazio


(O amor é tão feio

É odio quando não é nada

E acaba por ser tudo

É perdoar o ego para um mundo perfeito

É ter a felicidade como contraste do real que nós somos...)


O teu olhar atravessou-me como a luz e o ar se abraçam

Tocou no infinito e perdeu-se

Perdeu-se de mim

E quando o senti

Perdi-me com o teu olhar

Morri.

Sangue Quente

Com o sangue quente

A mente promete perecer

Tenho sangue quente

Nesta demente forma de viver


Lacera-me a lente

Que me cega que me tem

Cego é quem não sente

Na cegueira de não ser ninguém


Tom vermelho tom carnal

De desejo e dor esquecida

Sangue quente divinal

Simbolo da efémera vida


Despe-me do mundo

Despe-te de mim

E num desejo moribundo

Renascemos iguais no fim


O toque é leveza

E o beijo indiferente

Mas o sentimento é certeza

Na pureza do sangue quente

E um grito de dor!

Passa a grito de prazer!

Morder, rasgar o pudor!

E sangue quente a verter!