domingo, 21 de dezembro de 2008

...Quam Minimum Credula Postero

Levantem a cabeça, irmãos e irmãs!
Deixem que a vida vos vislumbre
E vivam todas as frescas e alegres manhãs,
Como uma ultima noite triste e fúnebre.

Deixem que a tristeza seja dela
E que vossa seja a alegria.
Efémera, primeira e sem sequela
É a vida e tudo o que reside nela,
Tal como o ténue sonho e a fantasia.

A cama, o corpo, a alma... o que sonha
Não interessa quando o sonho é belo.
Por isso não há que ter vergonha
De fingir no real e no sonho fazê-lo.
Desde que não seja só sonho de fronha
E que o real não seja um pesadelo.

Vivam cada dia como um único
Não importa o que houve ou o que haverá
Se esse dia for estrito e pudico
Ser o que é de nada valerá.

Tem de ser livre e espontâneo;
Fugaz e sedento de amor,
Duradouro ou instantâneo,
Mas sempre vivido em simultâneo
Pela alegria e pela dor.

Tem de ter tudo limitado por nada:
Nada de medos, regras ou restrições.
Pode ser ou não ser uma vida planeada,
Desde que seja estritamente estruturada
Pelos desejos, pelos ideais e pelas emoções...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Pescar a Vida

Os dias correm depressa...
Os dias correm devagar...

Os dias correm a travessa

Da vida que é como o mar:


Tem ondas e tem calmaria,

Tem fundões e baixios!

Transparecendo, mostra-se vazia

À superficial vista dos homens dos navios.


Mas sustendo a respiração

E mergulhando na coragem,

Encontramos aquela vastidão

De vida, que na vida só vive na miragem.


Oh, mas que ganância a nossa!

Homens que procuram somente tesouros,

Fazem do vasto mar uma pequena poça

E como se da razão fizessem troça,

Culpam os Deuses dos seus agouros...


A pesca do peixe não caça a moeda,

Mata a fome que vem do passado.

Mas Homem é sinónimo de queda

No abismo da consciência evolutiva do pecado.


Tesouros, cada um tem o seu,

Só que no mar não há nada mais que vida.

Dinheiro? Ouro? Que aconteceu

Para que a paixão fosse esquecida?


Vós que na pesca são como na grande alvorada

E que só na chaputa encontram sabor,

Saibam que a vida é para ser apreciada,

Seguindo o meu conselho de valor:


Pesquem com cana, pesquem com rede,

Guardem tudo sem exclusão,

Porque todo o peixe mata a fome, e a sede

É morta com água da monção


Portanto, olhardes para o céu

E pescai com rede, porque mais peixe trás
.
O mítico tesouro branco de véu,

Virá quando o pescador, de ser pescado for capaz.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Parabéns Daniela

Parabéns Daniela” ouve-se baixinho
Ao ouvido e dito com carinho.
Reza-se por vida e prosperidade
Ao longo dum dia de celebração.
Bem vindos 17 anos de idade,

E bem vinda seja a amizade
Nascente do teu bom coração.
Sê feliz agora e na eternidade,
Dormindo as noites como vivendo os dias,
Ao som dos sorrisos, perdida nas alegrias,
Nunca esquecendo a efemeridade
Invencível desta vida por descobrir
E que com ajuda será a mais bela,
Lembrando o desejo de me repetir
Ao dizer: “Parabéns Daniela”.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Quero voltar a ser semente

Quero sair daqui!

Voar para onde o ar me cubra os olhos

Para que veja de dentro para dentro

E não somente a casca da velha árvore da vida;

Para que o susto de acordar não me prenda ao chão

E permita à mágoa de sentir que lhe quebre os ramos.


(Se me sento de braços cruzados,

Quero sentar-me de cabeça erguida

E num sonho vivo, voar para o vazio.

Se me encontrar, que não seja no espelho

Se me perder que não seja de mim, mas sim em mim)


Não quero correr para o infinito

Quero parar no definido

E vivê-lo como semente da fruta da árvore que secou.


Mas quero sair daqui!

Os grãos de areia... o solo rico... voou tudo

E as raízes da minha árvore ficaram nuas, ficaram, desapareceram...


Quero voar daqui, porque a voar sinto um vento que ateia

E a chama que nunca houve pegará

(se não chover novamente)

E arderá tudo por dentro da minha árvore.

Porque quero ser fogo!

Quero arder em lenha verde

Não quero secar num lenha seca

Que arde sem esforço e sem fumo!


Quando a árvore for cinza

É estrume. É sementes. É vida.


Se secar, ficou e secou...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Dormir

Adoro dormir.

É sempre uma boa ideia
Aquela vontade constante
Que me engloba como uma teia
De uma aranha gigante.

Aranha essa que é vida,
Talvez...
Ou a morte por não ter uma saída,
Mas na minha vida vivida,
Ela só me pode aniquilar uma vez.

Adoro dormir
Porque dormir faz-me sonhar.
Tenho sonhos tão bonitos
E infinitos para descobrir
A realidade que me faz pensar.

Mas principalmente,
Adoro pesadelos.
Todo aquele sofrimento na mente
Faz com que eu sonhe em tê-los.

E tudo isto simplesmente
Porque quando os estou a ter
Mais tarde acordo todo contente
Porque não é aquilo que estou a viver.

(Adoro dormir)...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Perdição Tentação


És aquela perdição tentação.

És tudo aquilo pelo qual não digo não.

És uma pureza real perdida no irreal,

Que a minha imaginação

Toma como sendo real.


És um conjunto de adjectivos,

Que nem sequer têm um nível

Numa escala no meio de tanta perfeição,

Onde desaparecem os motivos,

Que numa voz tão legível

Se constrói como sendo um coração.


És aquela perdição tentação.

És tercetos numa vida

Quieta de tanta evasão.


És os motivos, os adjectivos, as escalas...

És a perfeição de todo um dia.

E em tanto paraíso te entalas

Numa quadra que é a tua vida, a poesia!


sábado, 18 de outubro de 2008

Chão Que Piso


Oh chão que piso,

Chão de sangue e sofrimento,

Sangue de paixão e desilusão.


Chão que está perdido em si mesmo,

Angustiando existência

De poder sentir ...


Tudo o que piso é um erro

E tudo o que o chão suporta é asneira.

Acredito que ele procura um sentido tão perro

Que peca em não descobrir outra maneira.


Chão que é simétrico

Em não o ser.

Que suporta todo o mal da humanidade

E todo o egoísmo e guerras estúpidas

Que ela constrói.


Toda aquela harmoniosa paixão

Equivalente á própria destruição

Que permanece cantando versos de tristeza

E perdição.


Que é inteligente em ser estúpido,

Que é livre matando,

Onde inevitavelmente o mal grita a sofrer
Mas solta um enorme riso.

Tudo isto,

Apenas isto,

No chão que eu piso.



sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Para os amigos...

Olhei para o céu como ultimo olhar

E vi o Sol nascer nas trevas do meu ego,

Rejuvenescendo a forma de pensar

Do meu ser egoísta, triste e cego.


Rondei o horizonte infinito

E atento, vi-o cá de dentro.

Gosto mais daquilo que agora sinto,

Do que o que sentia quando me sentia o centro.


(Sei que aquilo que quero

É o que para mim não o sei,

Pois ainda não desespero

Pelo o amor sincero,

Que para os outros desejei)


Quando o calor me bateu na pele,

Era fraco, mas reconfortante,

Como é escrever num papel

As palavras secretas de amante.


Melhor seria deitá-las fora;

Cuspi-las em forma de poesia,

(Queria tanto que fosse como outrora

Com os meus amigos a solta-las em cantoria)

Mas se as deitasse, o que sentiria?


Não quero meias sentenças espalhadas

Por um coração que me é fungo nas costas.

Quero retornar ânimo às gargalhadas

Dessas pobres almas encalhadas

E às suas perguntas dar respostas.


O meu amor pode esperar,

Pois só, não me trás alegria.

Quero, quando o encontrar,

Poder festejá-lo com companhia

E não ser única razão de folia.


Para isso estou acordado,

Pronto a mudar os destinos

E se para terceiros tenho falado,

Agora falo-vos num verbo mudado,

Enveredando por outros caminhos.


Não vos vou deixar de tristeza enfermos

Quando descobri que família sois vós…

E não é aquela pela qual nascemos,

É aquela que nasce por nós…

domingo, 28 de setembro de 2008

O Bolo Que Não Queres

(este poema é dedicado com muito carinho à Ana Sofia Cruz tentando simular a sua conversa com um bolo, tendo uma mensagem por trás que é dedicada a toda a gente)

Bolo brilhante e amarelo,

Como desejo o teu doce sabor.

Posso deixar de ter um corpo belo;

Passar a ser um flácido desmazelo,

Mas é ao paladar que dou valor.


Quero comer-te à gulodice

E depois pedir mais um bocado,

Porque beleza é tolice

E seria tola se não pedisse

Para que a gula não seja pecado.


Vou comer-te, pois então

E o mundo que me veja comer...

Terei tanta satisfação,

Que te comerei à mão

E quem não gostar que se VÁ FODER!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Loucura

Fui atrás do que vinha atrás;

Recuei, dei meia volta e fi-lo bem,

Algo que atingir pensei não ser capaz
E que egocentricamente me convém.


Levou-me o amor pela bonança,

Mas a seriedade passou a ser chacota,

Quando me falhou toda a lembrança

Duma vida possuída por uma alma morta.


Corri nu nas palavras do mundo,

Numa nudez que vestia como casaca,

Que perdi quando me tornei vagabundo,

Deambulando numa sentimental ressaca.


Eterna…essa é a dúvida que persiste,

Mesmo no espaço atrás do ponto interrogativo.

Mais forte que a minha mente que desiste,

Confrontada com a ausência do decisivo.


A única certeza é esta minha aparência

E as palavras que escrevo pouco a pouco.

Tudo conciliado num consciência:
Do tudo ou nada de estar louco...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Diz-lhe

Diz-lhe! Conta-lhe como foi o dia
Em que perdido estando mais me perdia
Na perdição dum amor que não podia
Ascender e possuir tudo aquilo que sou…

Diz-lhe que possuiu,
Mesmo com o despropósito vital.
Diz-lhe que todo o bem que me transmitiu
Foi o início de todo mal que me causou.

Diz-lhe que insisto porque quero,
Mas que não tenho alma masoquista
E que mal por mal, para ser sincero,
Este mal é um bem que quero que exista.

Diz-lhe porque te pedi repetidamente;
Porque me ajoelhei com o peso da dor e rezei
E mesmo não sendo firme crente
As seguintes palavras de pranto proclamei:

Diz-lhe…
Diz-lhe que chorei em enxutos pensamentos!
Diz-lhe que pequei com sonhos sonhadores!
Diz-lhe…
Diz-lhe que pecarei mais em vindouros tempos!
Diz-lhe que por si permanecerei praticante dos pecadores…

Diz-lhe…
Diz-lhe que o passado tem dois tempos!
Diz-lhe que o presente é um tempo azafamo!
Diz-lhe que o futuro é um presente sem os maus exemplos!
Diz-lhe…
Diz-lhe que ainda a amo…

domingo, 8 de junho de 2008

Noção

Escrevi um bocado de dor

Com o sangue que jorra dos meus olhos,

Após olhar a vida em redor

E ver somente restos e restolhos.


Escrevi-o na minha pele

Como quem põe gravilha na estrada.

Sem cimentar esse azedo fel,

Que remenda a alma transtornada.


Depois percorri a memória

À procura da cura e da certeza.

Porque me sinto eu a escória

Deste mundo desprovido de beleza?


Não encontrei nada que valha,

Nem me encontrei concreto.

Encontrei um sorriso canalha,

Mascara do meu choroso soneto.


Sei que choro e finjo sorrir

E sei decore o sussurro que sou.

Sussurro aparentando o rugir,

Outrora inspirado num amor que findou.


Enfim... esqueço o que escrevi;

Lambo as lágrimas e rasgo o cerco.

Rasgo a mente que lembra o que sofri.

Viverei sempre, mesmo sabendo o que perco.

terça-feira, 3 de junho de 2008

[Sem Título]



Já não sei de nada,

tudo se perdeu indiscutivelmente

e indubitavelmente

no encanto que existe

dentro da nossa mente

que nos massa,

que persiste,

que é triste,

que é desgraça.


Já não sei de nada,

tudo se desvaneceu perdidamente

e inclusivamente

no espanto rodeado

no encanto da nossa mente

que nos aperta,

que nos massa,

que nos desgraça,

que é merda.

sábado, 17 de maio de 2008

[Sem Título]


Chegas-te perdida e a chorar lágrimas de algo incerto,
Razão pela qual eu fiquei disposto a fazer de ombro amigo.

Mas tu simplesmente não querias falar.

Então, magicamente, comunicávamos pelo silêncio das palavras.

E nesse preciso momento deserto,

Sentia-me perpétuamente perdido e preso num mundo contigo

Onde precipitadamente me punha a rezar,

E era engraçado que mesmo desorientado sabia onde estavas...




Um Vazio de Poética Poesia

Dói a alma de quem lê
Trechos de escrita forçada,
Com palavras fáceis, á mercê
Duma linguagem mal tratada.


Proclamam-se poetas e cantores,
Proclamam-se chorosos trovadores
Por escreverem palavras destoadas,
Por escreverem anseios e amores
Que tocam os verdadeiros escritores
Como ferozes e infantis facadas.


Sim, é este o fado da poesia!
É o fado da escrita e dos escritores.
Um fado baseado em heresia,
Um fado que o verdadeiro poeta clamaria
Como cheio de poetas pecadores.

Escrevem qualquer merda que ocorra,
Qualquer merdinha de pensamento!
E não há ninguém que socorra,
Não há cura ou tratamento…

É uma voluntária doença
Contagiada logo na infância,
Que à poesia dita sentença.
Essa doença: a ignorância

E não é só falta de saber,
Pois há poetas iletrados.
É falta de sentir e oferecer
Esse sentimento, que ao escrever
Se torna poesia para os destinados.

É triste ler essas canções
E saber que de poesia não se trata,
Mas mais tristes são os corações,
Que idolatram aquilo que a poesia refracta…

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Almas Líricas (Apresentação ao Blog)

Este blog foi criado na pura inocência da inspiração,
Que três pessoas inevitavelmente possuem na sua escrita.
Escrevendo bem ou mal, tudo vem da alma e do coração
E do prazer infinito que a nossa vontade suscita.

(Quadra produzida por DASF e editada por Sephiny)