Dói a alma de quem lê
Trechos de escrita forçada,
Com palavras fáceis, á mercê
Duma linguagem mal tratada.
Proclamam-se poetas e cantores,
Proclamam-se chorosos trovadores
Por escreverem palavras destoadas,
Por escreverem anseios e amores
Que tocam os verdadeiros escritores
Como ferozes e infantis facadas.
Sim, é este o fado da poesia!
É o fado da escrita e dos escritores.
Um fado baseado em heresia,
Um fado que o verdadeiro poeta clamaria
Como cheio de poetas pecadores.
Escrevem qualquer merda que ocorra,
Qualquer merdinha de pensamento!
E não há ninguém que socorra,
Não há cura ou tratamento…
É uma voluntária doença
Contagiada logo na infância,
Que à poesia dita sentença.
Essa doença: a ignorância
E não é só falta de saber,
Pois há poetas iletrados.
É falta de sentir e oferecer
Esse sentimento, que ao escrever
Se torna poesia para os destinados.
É triste ler essas canções
E saber que de poesia não se trata,
Mas mais tristes são os corações,
Que idolatram aquilo que a poesia refracta…