segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Contentamento
Tanto nada feito,
Tanto mal refeito,
Tanto tanto esquecido.
Sempre igual ao que conheço de mim:
Tenho o saber mas falta.me a vontade
Posso ter o querer mas falta-me a verdade...
A Esperança só morre no fim,
Ouvi dizer...
Réstia de esforço
Inconsciente e mental,
No entanto poderoso
De um querer quase imortal.
(O sentir nada é sem mim.)
A Vergonha
Atrás dos mundos, atrás da dor
Tu trazes tudo, tu és amor
Atrás da sombra, és luz vital
Atrás do espelho, és luz igual
Atrás do sorriso que se quebra no vazio
Quebra-se o sizo também, na boca que mentiu
Tu e eu, um céu, um mar
E um momento, com tudo para dar
Os olhos tocam-se e tocamos Deus
E a dança segue o rumo dos céus
Ficamos parados como chuva no chão
Olhares vidrados, à espera dum gesto... em vão
Porque negamos a alma, julgamos que é calma a ansia que nos faz
E no momento divino, o correcto caminho, nunca define a paz
Quando paramos o corpo, matamos o sopro do vento que nos trás
E morremos também, num amor incapaz
domingo, 28 de novembro de 2010
Poeta Cobarde
Por alegórica luz do nascente,
Perde-se um coração por um olhar,
Que leva perdida, mas não inocente,
A coragem que torna demente
Aquele que escreve como que a mendigar...
Aquele que escreve para fugir,
E para se esconder na desculpa,
Mas que sempre, sem mentir,
Escreve o que tem vindo a repetir
Como fingimento de mensagem oculta.
E repete-a de olhos fechados
Para uma verdade envolta em vergonha.
Repete-a para os mais iluminados,
Pois insultos e maus olhados
Imagina na mente de com quem sonha.
Se ao menos fosse certeza
A ideia do que realmente se sente,
Com mais ou menos delicadeza,
Causar-se-ia (ou não)tristeza
Numa resposta minimamente coerente.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
A Chuva Fez-me Voltar
Choveu neste mundo e no meu,
Choveu sangue de Deus,
Translúcido, como a mágoa de filhos seus
Hoje doeu...
Doeu-lhes o saco oco
E gritaram para o mundo mouco...
E depois, pouco a pouco,
Desistiram...Deus estava louco
(LIBERDADE!
Não há crença que me prenda o grito!
Sem Deus, todo eu sou infinito!
E posso voar porque esse chão se sumiu...
Mas no final, nada disto é bonito...
No final, vivemos todos para o vazio)
Hoje voltei a mim...
O que esse vazio me diz
É que voltei para me encontrar.
Sei que não o fiz porque quis...
Porque eu até era feliz,
Mas voltei porque me fizeram voltar
domingo, 1 de agosto de 2010
O Som das Palavras é o Grito
O mundo lê-se nas canções
És a chave da mente
Da alma dos sonhos e das ilusões
És o corvo poeta
Mensageiro transcendente
Entre a vida e a morte
Entre os mundos de tanta gente
Não vás procurar quem és
Não vais encontrar ninguém
Não tens mãos nem tens pés
Tens as asas e o desdém
Pela morte que carregas
Pelos mundos que enxergas
Pelo sopro que sufoca
Nessa tua alma morta
Não te negas se voares
Tu tens tudo para dares
A palavra às pessoas
Mesmo as que não perdoas
Porque o grito é a vida
Das palavras de saber
É a morte da vergonha
E o corpo a transparecer
É o dar amor ao vento
Quando o vento está parado
E quando o vento voa
Temos um mundo mudado
Eu não fui aos céus de lá
Porque o medo me prendeu
Respondi palavras tortas
A uma terra que não mereceu
Respondi-as num sussurro
Porque o grito me fugiu
Esse grito que és tu
Esse grito que partiu
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Quadra do Desenquadramento
Não vai haver o teu novo tudo
Vais ser tu num pensamento mudo
E quando esse mundo perder o sentido
Vais ser tu e o teu mundo perdido
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Alma, Mente, Nada
A busca da imortalidade tira-nos tempo de viver
E sem tempo para nós, que temos nós para oferecer ao mundo?
Perdemos contra a natureza humana e perdemos a nossa humanidade
Perdemo-nos de nós próprios no nosso pensamento
Mudamos com o tempo que passa e não vemos
Mudamos e muda o que procuramos, mas a procura continua a mesma
Às tantas não sabemos o que procurar e pensamos que é o amor
Entregamo-nos a ele como a nós próprios e acabamos por perde-lo
(porque no roubaram? nós é que o damos a estranhos...)
Tiram-nos a vontade de procura e ficamos sem a única coisa que nos define
Perdemo-nos no vazio de tudo o que não somos...
Absorvemos o mundo
Renascemos
Vivemos para o mundo e tentamos dar-lhe um sentido
Seguimo-lo, acabamos por ser seguidos por ele
Apercebemo-nos que não há caminho a seguir, mas há um por traçar
(deixamos de acreditar no destino? não, vemo-lo apenas doutra forma)
Encontramo-nos
Relembramos o passado e aprendemos com ele
Criamos o nosso mundo.
Procuramos o amor verdadeiro
Entregamos quem somos à única certeza da incerteza da nossa procura
Criamos carácter
Ganhamos alma
Recuperamos a nossa humanidade
E no final, é o verdadeiro amor que nos encontra e perdemos tudo isso...
Nada disso importa...
Somos Deuses
terça-feira, 4 de maio de 2010
Ilusões Existenciais sobre Corações Intelectuais
A alma sabe-me a morte
Mas este é o último tempo
Réstia podre de sorte
Cegas artes cénicas
E suicídio colectivo
Das almas esquizofrénicas
Que me têm cativo
São as ilusões existenciais
Que matam corações intelectuais
E o mundo mundano
É negado legado do céu
Sufoca no ar insano
Atrás do muro de véu
Temo o sonho que aí vem
Que é bom e é tormento
Que o passado divino tem
Que é tudo, mas é momento
São as ilusões existenciais
Que matam corações intelectuais
sexta-feira, 9 de abril de 2010
"Passámos A Ter Rijos Íleos Com Isto Assim"
Sombra, névoa
Leve tom de luto
Vindo de Évora
Deste luz
Num tom baço
Deste-me incompleto
O teu regaço
(Dá-me a tua alma
Parte do que és
Eu dou-te aquele espelho
Do que não vês
E se escrever no sonho
Dou a minha vida aquém
Da vida em que me fizeste
Ser alguém)
Grita o beijo
Num suspiro
Coloco-te a alma nua
E a alma retiro
E os porquês
Do não dois
No final não existem
Existem depois
(Dei-te a minha alma
Parte do que sou
Enquanto me quebraste o espelho
E o tempo parou
Eu morri no sonho
Dei-te a minha vida aquém
Da vida que sonhei que seria
Mas na vida vivida tu vives mas não és ninguém)
Perdi-me com o teu olhar (morri)
Perdi-me com o teu olhar
Morri...
Morri para o mundo num grito
No ressonar do brilho da paixão dos teus olhos
Morri por dentro num sorriso efémero
Eterno das palavras dum beijo
Morri para o vazio da vida e para o negro do mundo
Morri da morte do meu passado
Vivi!
Os meus olhos fecharam-se para as trevas do redondo finito
E os teus lábios sugaram-me a alma para o paraíso do teu ser
Dispensei-me das pernas, dos braços e das asas
Despi-me da minha mente, do meu mundo e do meu viver
A minha alma era tua
A minha alma era a tua.
(O amor é tão bonito...
É sorrir para o nada
E é tudo o que o nada não tem
É ser feliz)
Tropecei...
Quando pensei conseguir erger-me para o perdão
Foi o rancor quem me estendeu a mão
E enterrou-me no vazio
(O amor é tão feio
É odio quando não é nada
E acaba por ser tudo
É perdoar o ego para um mundo perfeito
É ter a felicidade como contraste do real que nós somos...)
O teu olhar atravessou-me como a luz e o ar se abraçam
Tocou no infinito e perdeu-se
Perdeu-se de mim
E quando o senti
Perdi-me com o teu olhar
Morri.
Sangue Quente
Com o sangue quente
A mente promete perecer
Tenho sangue quente
Nesta demente forma de viver
Lacera-me a lente
Que me cega que me tem
Cego é quem não sente
Na cegueira de não ser ninguém
Tom vermelho tom carnal
De desejo e dor esquecida
Sangue quente divinal
Simbolo da efémera vida
Despe-me do mundo
Despe-te de mim
E num desejo moribundo
Renascemos iguais no fim
O toque é leveza
E o beijo indiferente
Mas o sentimento é certeza
Na pureza do sangue quente
E um grito de dor!
Passa a grito de prazer!
Morder, rasgar o pudor!
E sangue quente a verter!